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Dislexia

A dislexia é um dos transtornos específicos da aprendizagem. Dentre as características mais comuns destes transtornos estão os resultados em avaliações de leitura, escrita e matemática abaixo do esperado para a inteligência, idade e nível de escolaridade da criança, com problemas que interferem significativamente nas atividades da vida diária que exigem tais habilidades, podendo persistir até a idade adulta. Em outras palavras, crianças com transtornos de aprendizagem são crianças que, mesmo com a inteligência normal, condições adequadas de ensino e sem doenças neurológicas ou psiquiátricas apresentam dificuldades no desenvolvimento da leitura, escrita e aritmética, com desempenho escolar ruim. O prejuízo pode ser em uma em nas 3 esferas, por exemplo, a dificuldade pode ser só na leitura ou afetar o desempenho na leitura, escrita e também matemática.

 

A probabilidade de transtorno de aprendizagem é de 2 a 10% da população e é comum que essas crianças possuam problemas emocionais associados às dificuldades escolares, com baixa autoestima, prejuízos nas habilidades sociais, além de déficits de atenção e memória, prejuízo no desenvolvimento de coordenação e nas habilidades sensoriais. Por este motivo é importante que o diagnóstico seja feito precocemente, a fim de tentar minimizar o impacto do transtorno na vida da criança.

 

A dúvida que muitas vezes persiste é: transtorno de aprendizagem ou dificuldade de aprendizagem? Para esclarecer essa questão é preciso considerar se a criança foi estimulada, os fatores culturais, presença de possíveis prejuízos visuais e auditivos, além de problemas emocionais e familiares, ou seja, é necessário que uma avaliação multidisciplinar seja realizada, uma vez que o diagnóstico da dislexia é clínico e que exames como ressonância ou eletroencefalograma não serão capazes de detectá-la.

 

Algumas características dos transtornos de aprendizagem são: dificuldade na linguagem, com troca e omissões de fonemas; falhas na nomeação que afetam na linguagem expressiva (usar palavras vagas como “coisa” e “negócio”); na noção de quantidade; dificuldade na leitura de palavras, textos e de palavras que não existem (xorelo, manara); leitura lenta e imprecisa; prejuízo na compreensão de textos lidos; dificuldade na soletração; dificuldade na categorização; na elaboração de textos escritos e com rimas, sendo esta última um indicador precoce de dislexia junto com a dificuldade para se expressar e compreender o que é falado, na habilidade motora fina, dificuldade para contar e recontar histórias na sequência correta, lembrar nomes e símbolos, seguir ordem e aprender cores, formas, números e a escrita do próprio nome.

 

Sendo assim, se seu/ua filho(a) ou alguma criança que você conhece apresenta tais dificuldades, é importante que seja realizada uma avaliação. Como dito anteriormente, o diagnóstico, que é clínico, deve ser feito por uma equipe multidisciplinar, ou seja, uma equipe formada por neuropsicólogo, fonoaudiólogo, psicopedagogo, neuropediatra, oftalmologista, etc., através de uma investigação minuciosa. Todavia, no que tange à avaliação precoce e identificação de crianças em risco de dificuldades futuras na aquisição da linguagem escrita, ainda há relativa escassez de instrumentos de avaliação, sobretudo não-restritos (ou seja, testes que podem ser usados não apenas por psicólogos, mas também por outros profissionais da saúde e educação), disponíveis no mercado nacional, o que evidencia a importância de que a avaliação seja realizada por profissionais especializados e que tenham muito conhecimento acerca dos transtornos.

 

Referências

AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais. – DSM-5. Porto Alegre: Artmed, 2014.

BACK, N. C. F. et al. Modelo de avaliação de transtornos de aprendizagem por equipe interdisciplinar. Rev. Psicopedag., São Paulo,  v. 37, n. 112, p. 37-51, 2020.  http://dx.doi.org/10.5935/0103-8486.20200003.

LEÓN, C. B. R.; PAZETO, T. C. B.; MARTINS, G. L. L.; PEREIRA, A. P. P.; SEABRA, A. G.; DIAS, N. M. Como avaliar a escrita? Revisão de instrumentos a partir das pesquisas nacionais. Rev Psicopedag. v. 33, n. 101, p. 331-45, 2016.

 

 

 

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